Cocaína e Crack
O crack
tem como princípio ativo a cocaína, uma possível representação da droga. A
forma mais comum de sua obtenção é por meio da reação em meio aquoso de
cloridrato de cocaína e bicarbonato de sódio ou amônia, resultando em um
precipitado que muda em cor e consistência devido à presença de diversos
contaminantes, mas que em geral tem o aspecto de pequenas pedras de
branco-amareladas a marrons.
Cocaína
- O nome cocaína deriva da coca (Erythroxylum
coca), planta nativa da América
andina de cujas folhas é extraída. O nome químico da droga é benzoilmetilecgonina . Se refere a um alcalóide, éster do ácido
benzóico, cuja fórmula reduzida é C17H21NO4 (Fórmula). Na sua forma purificada, apresenta-se como um sal branco
e translúcido, quase sempre ligada ao íon cloridrato (HCl), formando o cloridrato
de cocaína que é fortemente solúvel em água (PF= 98°, PE= 187°).
Histórico
O
hábito de mascar folha de coca devido a seus efeitos estimulantes vem de pelo
menos dez séculos, de acordo com o achado de resíduos de cocaína nos cabelos de
múmias andinas datando de cerca de 1000 d. C. Boa parte da região situa-se em
altitude elevada, portanto com baixa pressão de oxigênio. A mastigação da
planta (com uma pequena quantidade de cinza para alcalinizar o bolo e facilitar
a liberação dos alcaloides) resulta na liberação contínua de pequenas
quantidades de cocaína, permitindo aos habitantes locais enfrentar melhor os
efeitos da altitude, da fadiga e do jejum. Com a expansão do império Inca, o
uso da folha foi adotado e espalhado, sendo usada inclusive como meio de troca.
Em 1551, o Bispo de Cuzco proibiu o uso da coca sob pena de morte, porque era
“um agente nocivo do Diabo". Já em 1565, a planta da coca fez parte no
livro pioneiro do médico espanhol Nicolás Monardes, “História das drogas,
especiarias e certos medicamentos simples que crescem nas Índias e na América”.
O autor destacou as propriedades estimulantes da planta, que permitia aos
nativos “passar por desertos onde não encontra nada que comer nem beber [...]
[com] as forças preservadas”.
A
cocaína foi primeiramente isolada pelo alemão Friedrich Gaecke em 1855, que a
denominou eritroxilina (por haver sido isolada de plantas do gênero
Erythroxylon). Em 1860, o também alemão Albert Niemann publicou um trabalho
sobre um novo e aperfeiçoado método de extração da droga, que chamou de
cocaína. Poucos anos mais tarde, entre 1883 e 1887, Sigmund Freud publicou uma
série de trabalhos sobre sua experiência com a droga. Neles, defendia suas
qualidades no tratamento de várias condições como depressão e vício em heroína,
e observou suas propriedades anestésicas. Após alguns incidentes negativos,
parou de recomendar a droga que, no entanto, tinha real valor como anestésico
tópico. No final do século XIX a cocaína era livremente comercializada, sendo
produzida e distribuída por grandes laboratórios como Merck e Parke-Davis, e
integrava a composição de um grande número de preparações medicamentosas.
Frasco de Hidrocloreto de
Cocaína comercializado pelos laboratórios Merck. Clique aqui para ver a fonte da imagem.
Nos EUA
o “Pemberton’s French Wine Coca” tornou-se um produto bastante popular. A
proibição da comercialização de bebidas alcoólicas em Atlanta, sede da empresa,
em 1885, motivou a criação de uma bebida não-alcoólica à base de folhas de coca
e noz de cola, a Coca-Cola. Desde 1903 a empresa passou a utilizar folhas de
coca das quais a cocaína é previamente retirada.
Devido
ao seu uso indiscriminado, foram feitas campanhas contra a sua comercialização
e uso: em 1914, o Senado dos EUA aprovou o “Harrison Narcotic Act”, lei que
submetia a comercialização de cocaína à obrigatoriedade de prescrição médica. Em 1925, a Liga das Nações firmou em Genebra
uma convenção para o controle de narcóticos, em 1948, a recém-fundada
Organização das Nações Unidas estabeleceu a proibição de drogas como uma de
suas prioridades, e em 1961 aprovou a Convenção Única contra os Narcóticos.
Texto adaptado de MACHADO, G. H.
Crack. Estudo Maio 2011. Consultoria Legislativa. Disponível em: http://www2.camara.leg.br/documentos-e
pesquisa/publicacoes/estnottec/tema19/2011_2019.pdf
Acesso em 30 abril de 2013.
Produzido por Eleonora Maria Comandaroba